segunda-feira, 20 de junho de 2011

Idealiza-me

Idealiza-me, filho do Sol, que sou independente, mas tua magnanimidade me faz querer ser leve bailarina a passear pelo corpo teu. Descobrir cada pedacinho do que te dá prazer. E te deixar matar minha sede imensa de você.

Minha mente cansou-se de gente mesquinha e sem intelecto.

Mostra-me teu coração dourado, que tem cheiro do sândalo que perfuma tudo que nele toca.

Vem tomar tua dama, porque ela se cansou dos cavalheiros que oferecem flores sem saber de onde elas provêm. Preciso da tua inteligência e virilidade.

Cada estrela deste céu canta comigo teu nome... O vento traz seu cheiro de guerreiro vencedor de combates travados na alma. Esse cheiro penetra cada poro da minha pele e me faz querer você em mim. Com pressa e sem fim. Com força e carinho. Do jeito que só você sabe fazer.

Idealiza-me, raio de sol, que serei teu troféu

Dá me o ponto final

Energias estranhas no ar...

Sinto o seu silencio que grita aos meus ouvidos o fim. Mas não aceito esse fim. Não temos ainda o ponto final e preciso dele para seguir adiante.

Quero você e não nego. Não há vergonha em aceitar o amor. Não para mim.

Porém um anjo veio sussurrar que sua confusão passou. Que você tomou sua decisão e ela não está a meu favor. Se isso é real por que então não me diz?

Se esse carinho de que tanto me falas povoa realmente teu coração não me deixe na escuridão. Venha e me dê o adeus derradeiro.

Venha sem armaduras e máscaras. Venha com a pureza do olhos nos olhos e decepa do meu peito esse sentimento pela metade, que eu não sou de meias palavras e menos ainda, amores mal resolvidos.

Sou inteira, intensa e urgente.

Deixa-me conduzir-te ao meu coração, se puder. Porque te faço feliz.

Contudo, se o universo te pede pra seguir outros rumos me dê enfim meu ponto final

domingo, 19 de junho de 2011

Adeus

Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.

Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.

Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.

Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.

Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.

...Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus.

Pablo Neruda

*** Neruda ***

Tenho fome de tua boca
de tua voz
de teu pêlo,
pelas ruas vou sem nutrir-me,
calado,
e não me sustenta o pão
a aurora me desequilibra
busco o som líquido de seus pés no dia...
Estou faminto de teu riso resvalado
de tuas mãos cor de furioso celeiro
Tenho fome da pálida pedra de suas unhas
e quero comer sua pele como uma intacta amêndoa
Quero comer o raio queimado em tua beleza,
o nariz soberano do arrogante rosto
quero comer a sombra fugaz de suas pestanas
e faminto venho e vou
olfateando o crepúsculo
buscando-te
buscando teu coração ardente como um puma...