domingo, 19 de junho de 2011

*** Neruda ***

Tenho fome de tua boca
de tua voz
de teu pêlo,
pelas ruas vou sem nutrir-me,
calado,
e não me sustenta o pão
a aurora me desequilibra
busco o som líquido de seus pés no dia...
Estou faminto de teu riso resvalado
de tuas mãos cor de furioso celeiro
Tenho fome da pálida pedra de suas unhas
e quero comer sua pele como uma intacta amêndoa
Quero comer o raio queimado em tua beleza,
o nariz soberano do arrogante rosto
quero comer a sombra fugaz de suas pestanas
e faminto venho e vou
olfateando o crepúsculo
buscando-te
buscando teu coração ardente como um puma...

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