domingo, 5 de junho de 2011

Sonhos



É madrugada e ela acorda num sobressalto.

Teve um sonho estranho. Num lugar bonito, onde a brisa lhe trazia imensa paz.

Estava na companhia de uma pessoa querida e esta pessoa precisava de ajuda. Ela finge não notar a confusão do seu coração, tão nítida naqueles olhos bem amados por ela.

Ele lhe fala de sensações e sentimentos singelos que nutre por ela. Ela somente consegue sorrir, pois a vida lhe ensinou a diferenciar quando uma pessoa sente o que diz e quando ela precisa ou quer sentir.

O mais cruel é que ela nota a pureza daquele coração indeciso e sabe que todo aquele carinho é verdadeiro naquele momento.

Mas precisa esperar. Precisa deixar o anjo do destino mostrar no tempo certo se aquele ciclo da vida dele vai recomeçar ou vai se fechar de uma vez por todas pra que ele possa começar uma nova etapa.

Não há nenhuma cobrança. Apenas uma vontade enorme de poder ajudar. Não conseguir ser a mão estendida pra quem lhe é caro é o que mais devasta seu coração, mas ela permanece ao seu lado.

Ele nota aquele silêncio de cumplicidade e ficam assim, de mãos dadas e calados por um tempo que não sabem precisar.

Tudo se torna leve. A brisa traz cores suaves, perfumes refrescantes.

Mas de repente, o céu azul vai tomando um tom alaranjado até que o sol desaparece no horizonte.

Tudo fica escuro. Frio. Sem aquelas cores e perfumes.

Mas nenhum dos dois sente medo.

Permanecem calmos, como se o simples fato das mãos estarem atadas fosse suficiente pra enfrentar o mundo. No fundo sabem que não são apenas mãos atadas, mas destinos entrelaçados. Almas que se reencontraram para retomar uma historia começada há muito tempo atrás.

Seus corpos ficam de frente um para o outro e mesmo naquele breu o brilho dos olhos de ambos se encontram. Este brilho vai aquecendo-os de uma maneira que fica impossível não notar a respiração ofegante e a vontade de tornarem-se um.

E se beijam, permitindo assim a todas as dúvidas e receios se esvaírem junto com o suor dos seus corpos enquanto fazem amor.

Adormecem nos braços um do outro.

Ela abre os olhos por um momento e nota uma pequena claridade. Não sabe dizer o que houve. Mas a escuridão vai se dissipando. Ela sente uma paz enorme, mas percebe que junto com aquele eclipse ele também foi embora.

O que sobrou foi a brisa perfumada.

As cores.

A luminosidade que os dois deixam por onde passam pode ser notada por qualquer criatura na Terra.



Mas ela está sozinha novamente.



Sentada em sua cama com um amuleto na mão, ela entende de uma vez por todas que é egoísmo demais desejar que aquela luz pertença somente a ela quando ainda depende de outras coisas pra brilhar.

Deita-se novamente deixando o cansaço tomar conta da sua mente. Não pensa, não faz planos e adormece com uma certeza muito forte em seu coração.

A certeza de que não importa o que aconteça, o sol vai estar no céu pela manhã. E isso é um bom motivo pra ela abrir os olhos e agradecer.

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